sábado, 26 de março de 2011

Cimento Portland - CP - conheça os 11 tipos, sua composição e norma

    O cimento é um dos materiais de construção mais
utilizados na construção civil, por conta da sua larga utilização em
diversas fases da construção. O cimento pertence a classe dos
materiais classificados como aglomerantes hidráulicos, esse tipo de
material em contato com a água entra em processo físico-químico,
tornando-se um elemento sólido com grande resistência a compressão e
resistente a água e a sulfatos.

    A história do cimento inicia-se no Egito antigo, Grécia e Roma, onde as grandes
obras eram construídas com o uso de certas terras de origem vulcânicas, com propriedades de endurecimento sob a ação da água.  Os primeiros aglomerantes usados eram compostos de cal, areia e cinza vulcânica. O cimento Portland é um aglomerante hidráulico fabricado pela moagem do clínquer, compostos de silicato e cálcio hidráulicos.

A denominação "cimento Portland", foi dada em 1824 por Joseph Aspdin, um químico e construtor britânico. No mesmo ano, ele queimou conjuntamente pedras calcárias e argila,

transformando-as num pó fino. Percebeu que obtinha uma mistura que, após secar, tornava-se tão dura quanto as pedras empregadas nas construções. A mistura não se dissolvia em água e foi patenteada pelo construtor no mesmo ano, com o nome de cimento Portland , que recebeu esse nome por apresentar cor e propriedades de durabilidade e solidez semelhantes às rochas da ilha britânica de Portland.

Os silicatos de cálcio são os principais constituintes do cimento Portland, as matérias primas para a
 fabricação devem possuir cálcio e sílica em proporções adequadas de dosagem.

Os materiais que possuem carbonato de cálcio são encontrados naturalmente em pedra calcária, giz, mármore e conchas do mar, a argila e a dolomita são as principais impurezas.

A ASTM C 150¹ define o cimento Portland como um aglomerante hidráulico produzido pala moagem do clínquer, que consiste essencialmente de silicatos de cálcio hidráulicos, usualmente com uma ou mais formas de sulfato de cálcio como um produto de adição. O clínquer possui um diâmetro médio entre 5 a 25 mm.

Com o passar do tempo as propriedades físico-químicos do cimento portland tem evoluído constantemente,
inclusiva com o emprego de aditivos que melhoram as características do cimento. Hoje o cimento portland é normalizado e existem onze tipos no mercado:
  • CP I – Cimento portland comum
  • CP I-S – Cimento portland comum com adição
  • CP II-E– Cimento portland composto com escória
  • CP II-Z – Cimento portland composto com pozolana
  • CP II-F – Cimento portland composto com fíler
  • CP III – Cimento portland de alto-forno
  • CP IV – Cimento portland Pozolânico
  • CP V-ARI – Cimento portland de alta resistência inicial
  • RS – Cimento Portland Resistente a Sulfatos
  • BC – Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação
  • CPB – Cimento Portland Branco

Cimento Portland comum (CP-I)

     O CP-I, é o tipo mais básico de cimento

Portland, indicado para o uso em construções que não requeiram

condições especiais e não apresentem ambientes desfavoráveis como

exposição à águas subterrâneas, esgotos, água do mar ou qualquer outro

meio com presença de sulfatos. A única adição presente no CP-I é o

gesso (cerca de 3%, que também está presente nos demais tipos de

cimento Portland). O gesso atua como um retardador de pega, evitando a

reação imediata da hidratação do cimento. A norma brasileira que trata

deste tipo de cimento é a NBR 5732.

Cimento portland comum com adição (CP I-S)

     O CP I-S, tem a mesma composição

do CP I (clínquer+gesso), porém com adição reduzida de material

pozolânico (de 1 a 5% em massa). Este tipo de cimento tem menor

permeabilidade devido à adição de pozolana. A norma brasileira que

trata deste tipo de cimento é a NBR 5732.

Cimento portland composto com escória (CP II-E)

    Os cimentos CP II são ditos compostos

pois apresentam, além da sua composição básica (clínquer+gesso), a

adição de outro material. O CP II-E, contém adição de escória

granulada de alto-forno, o que lhe confere a propriedade de baixo

calor de hidratação. O CP II-E é composto de 94% à 56% de

clínquer+gesso e 6% à 34% de escória, podendo ou não ter adição de

material carbonático no limite máximo de 10% em massa.  O CP II-E,

é recomendado  para estruturas que exijam um desprendimento de

calor moderadamente lento. A norma brasileira que trata deste tipo de

cimento é a NBR 11578.

Cimento portland composto com pozolana (CP II-Z)

    O CP II-Z contém adição de material

pozolânico que varia de 6% à 14% em massa, o que confere ao cimento

menor permeabilidade, sendo ideal para obras subterrâneas,

principalmente com presença de água, inclusive marítimas. O cimento CP

II-Z, também pode conter adição de material carbonático (fíler) no

limite máximo de 10% em massa. A norma brasileira que trata deste tipo

de cimento é a NBR 11578.

Cimento portland composto com pozolana (CP II-F)

     O CP II-E é composto de 90% à

94% de clínquer+gesso com adição de 6% a 10% de material carbonático (fíler)

em massa.  Este tipo de cimento é recomendado desde estruturas em

concreto armado até argamassas de assentamento e revestimento porém

não é indicado para aplicação em meios muito agressivos. A norma

brasileira que trata deste tipo de cimento é a NBR 11578.

Cimento portland de alto-forno (CP III)

       O cimento portland de alto-forno

contém adição de escória no teor de 35% a 70% em massa, que lhe

confere propriedades como; baixo calor de hidratação, maior

impermeabilidade e durabilidade, sendo recomendado tanto para obras de

grande porte e agressividade (barragens, fundações de máquinas, obras

em ambientes agressivos, tubos e canaletas para condução de líquidos

agressivos, esgotos e efluentes industriais, concretos com agregados

reativos, obras submersas, pavimentação de estradas, pistas de

aeroportos, etc) como também para aplicação geral em argamassas de

assentamento e revestimento, estruturas de concreto simples, armado ou

protendido, etc. A norma brasileira que trata deste tipo de cimento é

a NBR 5735.

Cimento portland Pozolânico (CP IV)

     O cimento portland Pozolânico contém

adição de pozolana no teor que varia de 15% a 50% em massa. Este alto

teor de pozolana confere ao cimento uma alta impermeabilidade e

consequentemente maior durabilidade. O concreto confeccionado com o CP

IV apresenta resistência mecânica à compressão superior ao concreto de

cimento Portland comum à longo prazo. É especialmente indicado em

obras expostas à ação de água corrente e ambientes agressivos. A norma

brasileira que trata deste tipo de cimento é a NBR 5736.

Cimento portland de alta resistência inicial  (CP V-ARI)

      O CP V-ARI assim como o CP-I

não contém adições (porém pode conter até 5% em massa de material

carbonático). O que o diferencia deste último é processo de dosagem e

produção do clínquer. O CP V-ARI é produzido com um clínquer de

dosagem diferenciada de calcário e argila se comparado aos demais

tipos de cimento e com moagem mais fina. Esta diferença de produção

confere a este tipo de cimento uma alta resistência inicial do

concreto em suas primeiras idades, podendo atingir 26MPa de

resistência à compressão em apenas 1 dia de idade. É recomendado o seu

uso, em obras onde seja necessário a desforma rápida de peças de

concreto armado. A norma brasileira que trata deste tipo de cimento é

a NBR 5733.

Cimento Portland Resistente a Sulfatos (RS)

     Qualquer um dos tipos de cimento

Portland anteriormente citados podem ser classificados como

resistentes a sulfatos, desde se enquadrem dentro de uma das

características abaixo:

1- Teor de aluminato tricálcico (C3A) do clínquer e teor

de adições carbonáticas de no máximo 8% e 5% em massa,

respectivamente;


2- Cimentos do tipo alto-forno que contiverem entre 60% e 70% de

escória granulada de alto-forno, em massa;


3- Cimentos do tipo pozolânico que contiverem entre 25% e 40% de

material pozolânico, em massa;


4- Cimentos que tiverem antecedentes de resultados de ensaios de longa

duração ou de obras que comprovem resistência aos sulfatos.

É recomendado para meios agressivos sulfatados, como

redes de esgotos de águas servidas ou industriais, água do mar e em

alguns tipos de solos.

Composição dos cimentos Portland

Cimento Portland (ABNT) Tipo Clínquer + Gesso (%) Escória siderúrgica (%) Material pozolânico (%) Calcário (%)
CP I Comum 100 - - -
CP I - S Comum 95-99 1-5 1-5 1-5
CP II - E Composto 56-94 6-34 - 0-10
CP II - Z Composto 76-94 - 6-14 0-10
CP II - F Composto 90-94 - - 6-10
CP III Alto-forno 25-65 35-70 - 0-5
CP IV Pozolânico 45-85 - 15-50 0-5
CP V - ARI Alta resistência inicial 95-100 - - 0-5



Processo produtivo do cimento Portland

     O processo produtivo do cimento portland se divide na produção do

clínquer portland e na produção de pozolana (argila ativada). As

etapas do processo de produção do clínquer portland são:

  • O calcário é extraído, britado e secado até uma umidade residual

    máxima de 2%
  • São adicionados ao calcário areia e materiais inertes como, por

    exemplo, carepa de laminação, esses materiais são analisados

    quimicamente, essa mistura proporcional é moída e se obtém a

    “farinha”
  • A farinha passa por um processo de homogeneização com ar

    comprimido e logo em seguida é estocado em silos
  • A farinha homogeneizada é colocada em um forno rotativo a uma

    temperatura aproximada de 1.450ºC, obtendo no final o clínquer

    portland

    A produção da pozolana se divide em colocar a

argila in natura no forno rotativo a uma temperatura de 750ºC, obtendo

no final a argila calcinada (pozolana), transcorrido todo esse

processo o clínquer a pozolana mais gesso são moídos em proporções

adequadas de dosagem de material, obtendo no final o cimento portland.

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